quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pré-candidatura de Marta Suplicy agrada parte do PT


Pré-candidatura agrada parte do PT

Por Cristiane Agostine e Fernando Taquari | De São Paulo
A pré-candidatura da senadora e ex-ministra da Cultura Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo, em 2016, já tem aval de parte do PT paulista. O prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), é tido no partido como nome natural para disputar a reeleição, mas a pré-candidatura de Marta começa a ser engrossada por petistas insatisfeitos com o espaço do PT na gestão.
A candidatura de reeleição de Haddad divide o PT e dissidências já são identificadas na bancada da Câmara dos Deputados. Para os aliados de Marta, a gestão municipal é vista como "burocrática", "formada por técnicos" e com uma atuação política do prefeito ainda discreta. "Marta vai ocupar o espaço político que Haddad não conseguiu até agora. O prefeito não consegue liderar politicamente a cidade", disse um petista influente no partido. A pré-candidatura de Marta poderá ganhar mais força caso a popularidade do prefeito não deslanche em 2015. No fim de setembro, pesquisa Datafolha indicou que 22% consideram a gestão boa ou ótima.
Já entre os vereadores do PT, Haddad tem amplo apoio. Poucas horas depois de Marta divulgar o pedido de demissão do Ministério da Cultura, vereadores distribuíram nota com apoio à reeleição do prefeito. No texto, assinado pelo presidente da Câmara, José Américo, Antonio Donato, Juliana Cardoso, Paulo Reis e Vavá dos Transportes - cinco dos 11 vereadores-, os petistas afirmam que a prioridade é ajudar Haddad a criar as condições de novo mandato.
Outros vereadores do PT também ressaltaram o apoio a Haddad. Para o líder do governo, Arselino Tatto, é um "absurdo defender uma candidatura que não a do prefeito". "Vai ser muito difícil apoiar outro nome. Não tem sentido". O líder do PT, Alfredinho, afirmou que o partido prevê prévias, mas ponderou que "é natural concorrer quem estar no cargo".
Presidente do diretório municipal, o vereador Paulo Fiorillo disse que Marta terá que conquistar apoio se decidir disputar. "Ninguém faz prévia só porque quer", disse. Na segunda-feira, o diretório vai discutir o cenário eleitoral e em dezembro deve definir como serão escolhido o candidatos.
Os apoiadores de Haddad lembram que o prefeito foi escolhido por Luiz Inácio Lula da Silva e que deverá ter apoio do ex-presidente em 2016. Há dois anos, Marta teve que desistir de concorrer, por pressão de Lula.
Ex-prefeita da capital (2001-2004), a petista perdeu a reeleição, em 2004, e a disputa em 2008. Depois do mau resultado eleitoral do PT em São Paulo neste ano, aliados de Haddad ressaltaram que o partido não pode entrar na eleição de 2016, sob o risco de perder a principal cidade comandada pelo PT. Em defesa do prefeito, citam a liderança de Haddad na renegociação da dívida dos municípios e Estados com a União, que poderá duplicar a capacidade de investimento da prefeitura nos próximos quatro anos, se a proposta for sancionada pela presidente Dilma Rousseff.
Diante das dificuldades dentro do PT, há rumores de que Marta poderia migrar para outro partido. O PMDB desponta como uma das opções. A petista é casada com o empresário Marcio Toledo, ligado ao grupo político do ex-governador falecido Orestes Quércia no PMDB paulista. A possível saída do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do partido, após divergências internas nas eleições deste ano abriria espaço para Marta disputar com o deputado federal Gabriel Chalita a indicação da sigla em 2016.
O PMDB paulista, no entanto, enxerga com ceticismo essa hipótese. Segundo um dirigente pemedebista, não houve até o momento nenhum movimento da senadora neste sentido. Além disso, a legenda não quer servir de instrumento para resolver as brigas internas de outros partidos. Os pemedebistas ainda temem um novo desgaste na relação com o PT com uma eventual filiação da senadora petista.

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