quinta-feira, 26 de junho de 2014

Luiz Suárez leva gancho de 4 meses por mordida e está fora da Copa

COPA DO MUNDO

FIFA PUNE SUÁREZ COM SUSPENSÃO DE 4 MESES. CABE RECURSO

SUÁREZ ESTÁ FORA DA COPA
Lancenet
Suárez é punido pela Fifa com nove jogos de suspensão e está fora da Copa
Jogador vai ter que pegar multa e levou gancho global de 4 meses, até jogos do Liverpool

CÂMERA FLAGRA MORDIDA
TV Show
Vídeo:  Mordida de Luis Suárez em Chiellini

INCOERENTE, LUGANO, CAPITÃO DO URUGUAI, DEFENDEU O INDEFENSÁVEL
Uol
Lugano defende Suárez e diz que marca de mordida em Chiellini é antiga 

JORNALISTA VÊ ERRO URUGUAIO
ESPN
Vídeo: Os uruguaios estão cometendo um erro desagradável ao se sentirem perseguidos no caso Suárez - por José Trajano

HUMOR: USO DE FOCINHEIRA NO FUTEBOL
OléDoBrasil
Suárez é punido pela Fifa e jogará restante da Copa com focinheira

EUA X ALEMANHA SERÁ UM JOGO DE COMPADRES?

COMPORTAMENTO DOS JOGADORES DURANTE A PARTIDA MOSTRARÁ SE HOUVE OU NÃO MARMELADA - EMPATE CLASSIFICA OS DOIS PAÍSES
SE
Federação Alemã descarta "jogo de compadre" com os EUA: "Completamente impossível"
Empate garantirá vaga às duas seleções nas oitavas de final da Copa do Mundo

NO FUTEBOL TUDO PODE ACONTECER
Vitória dos EUA ou da Alemanha joga pá de cal em eventual jogo de compadres. E se Portugal e Gana empatarem, quando ambos precisam da vitória. O que a imprensa dirá?
Para o RodapéNews não será surpresa de os EUA derrotarem a favorita Alemanha e ficarem em 1º lugar, com Alemanha ficando em 2º pelo critério de ter maior saldo de gols, caso haja vencedor no jogo entre Portugal e Gana.

TERRORISMO  DA MÍDIA BRASILEIRA SOBRE FRACASSO DA COPA FRACASSOU ATÉ AGORA

POVO DEU LIÇÃO AOS PESSIMISTAS
ADPL
Vídeo de Lula no SBT: "Povo brasileiro deu uma lição na Copa aos pessimistas"
Entrevista exclusiva a Kennedy Alencar, do SBT

"AGORA É TUDO FESTA"
Viomundo
Ricardo Kotscho: Quem vai pagar por prejuízos causados pelo terrorismo midiático?
Faz duas semanas, deixei um país em guerra, afundado nas mais apocalípticas previsões, e desembarquei agora noutro, na volta, bem diferente, sem ter saído do Brasil. Durante meses, fomos submetidos a um massacre midiático sem precedentes, anunciando o caos na Copa do Fim do Mundo.
Fomos retratados como um povo de vagabundos, incompetentes, imprestáveis, corruptos, incapazes de organizar um evento deste porte. Sim, eu sei, não devemos confundir governo com Nação. Eles também sabem, mas, no afã de desgastar o governo da presidente Dilma Rousseff, acabaram esculhambando a nossa imagem no mundo todo, confundindo Jesus com Genésio, jogando sempre no popular quanto pior, melhor.
Estádios e aeroportos não ficariam prontos ou desabariam, o acesso aos jogos seria inviável, ninguém se sentiria seguro nas cidades-sede ocupadas por vândalos e marginais. Apenas três dias após o início da Copa, o New York Times, aquele jornalão americano que não pode ser chamado de petista chapa-branca, tirou um sarro da nossa mídia ao reproduzir as previsões negativas que ela fazia nas manchetes até a véspera. Certamente, muitos torcedores-turistas que para cá viriam ficaram com medo e desistiram. Quem vai pagar por este prejuízo provocado pelo terrorismo midiático?
Agora, que tudo é festa, e o mundo celebra a mais bela Copa do Mundo das últimas décadas, com tudo funcionando e nenhuma desgraça até o momento em que escrevo, só querem faturar com o sucesso alheio e nos ameaçam com o tal do “legado”. Depois de jogar contra o tempo todo, querem dizer que, após a última partida, nada restará de bom para os brasileiros aproveitarem o investimento feito. Como assim? Vai ser tudo implodido?

MAIS NOTÍCIAS

MINISTROS DO SUPREMO IMPÕE DERROTA A JOAQUIM BARBOSA

BARBOSA NÃO COMPARECE AO JULGAMENTO EM QUE SUA DECISÃO MONOCRÁTICA ILEGAL FOI DERROTADA: PLENO DO STF RECONHECE TRABALHO IMEDIATO PARA QUEM ESTÁ NO SEMIABERTO
[Se a proposta de Barbosa prevalecesse, contrariando a jurisprudência atual, além de José Dirceu, pelo menos outros 100 mil presos que estão no semi-aberto e trabalham fora da cadeia, perderiam direito ao benefício. Além de impedir a ressocialização dos presos nessas condições, imagina o custo para o Estado em mantê-los presos por 24h, com o já caótico sistema penitenciário. Outra bola fora, de Joaquim Barbosa, perdoada pela impressa conservadora.]

Estadão - 26/06/2014 - Página A8
Supremo autoriza trabalho para Dirceu
Maioria da Corte concede a ex-ministro benefício fora da prisão em decisão que impõe derrota ao presidente do STF, Joaquim Barbosa

G1
STF derruba exigência de 1/6 da pena para trabalho externo no semiaberto
Corte ainda decidirá se presos do mensalão têm direito a trabalho externo.
Ministros avaliarão propostas de emprego apresentadas por Dirceu e mais 3.

G1
Supremo dá aval para trabalho de Dirceu em escritório de advocacia
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (25), por nove votos a um, conceder autorização para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu trabalhar fora da cadeia na biblioteca de um escritório de advocacia em Brasília. Ex-relator do processo do mensalão do PT, o presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, não participou do julgamento

NOTÍCIAS DE SÃO PAULO

ROUBOS SEGUEM EM ALTA NO ESTADO DE SP
Estadão - 26/06/2014 - Página A
Homicídios registram queda de 22% na capital e têm alta de 6,4% no Estado

RESTRIÇÕES EM RAZÃO DE JOGO NA ARENA CORINTHIANS NESTA 5ª
Estadão - 26/06/2014
Copa impõe restrição no trânsito de SP hoje
Rodízio é estendido e CET proíbe carros de estacionar em ruas da Vila Madalena

VOTAÇÃO DO PLANO DIRETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO
Estadão
Sob pressão, Câmara votará Plano Diretor
Acordo foi anunciado após Haddad aceitar pedidos de vereadores da situação e da oposição

PREFEITURA PAULISTANA REABRE ANTIGO HOSPITAL SANTA MARINA
Estadão
Capital ganhará primeiro hospital público em 6 ano

NOTÍCIAS DE ÂMBITO NACIONAL

EDUCAÇÃO
Estadão
Leia nesta página: Bolsas no exterior, trancaço na USP e controle da bagunça durante as aulas

ENVOLVIMENTO DE ROBSON MARINHO, TUCANO DA ALTA PLUMAGEM,  NAS FRAUDES DA ALSTOM COM GOVERNOS DO PSDB DE SP
[Se Robson Marinho, agora abandonado pelos seus antigos e leiais companheiros, revelar o que sabe a montagem do esquema de fraudes montados no setor elétrico e de transporte metroferroviário nos governos tucanos de SP, de 1995 a 2014, durantes as gestões Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, o PSDB acaba como partido]
Folha - Painel do leitor 
PSDB-SP nega relação de Robson Marinho com o partido -  de VANESSA SILVA PINTO, coordenadora de comunicação do PSDB-SP DE SÃO PAULO (SP)
Diferentemente do que foi informado na reportagem "Promotoria move 1ª ação contra tucano acusado de receber propina", o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Robson Marinho, não é filiado ao PSDB. Não é hoje nem o era quando aconteceram os fatos pelos quais ele está sendo acusado pelo Ministério Público (1998). É, portanto, equivocado o título conferido à reportagem, assim como as informações nela conferidas, sem qualquer precisão, de que, por exemplo, o conselheiro é o mais "graduado tucano" a ser acusado no caso.
RESPOSTA DOS JORNALISTAS FLÁVIO FERREIRA E MARIO CESAR CARVALHO - A reportagem não afirmou que Robson Marinho continuava filiado ao PSDB. Marinho foi um dos fundadores do PSDB, coordenou a campanha de Mario Covas ao governo de São Paulo em 1994 e foi o principal secretário até ser nomeado para o Tribunal de Contas do Estado. Apesar de ter se desfiliado para assumir o cargo no TCE, por exigência legal, permaneceu ligado ao partido, como mostra a reportagem "Presidente do TCE elogia tucanos", de 2006, que se encontra reproduzida no site do PSDB-SP


terça-feira, 24 de junho de 2014

Discurso da mídia conservadora x Discurso do PT. Quem está ganhando?

PARA GILBERTO CARVALHO, EM ENTREVISTA CONCEDIDA À FOLHA NESTA 2ª, CAIXA DE RESSONÂNCIA DA MÍDIA CONSERVADORA SEGUE TODA PODEROSA - ESTA TESE É CORROBORADA PELO JORNALISTA LUIZ CARLOS AZENHA E AVALIZADA POR ESTE RODAPÉNEWS

Viomundo
No “sincericídio” de Gilberto Carvalho, uma avaliação correta - por Luiz Carlos Azenha
Fiz uma série de viagens recentes, ao interior de São Paulo, Minas Gerais e Ceará.
O que me impressionou foi ver que o antipetismo foi disseminado aos grotões.
Em minha opinião, a partir de um cerco conservador que encontra ampla repercussão na mídia antipetista.
Como sempre escrevi, as redes sociais ampliaram, não diminuiram o poder das famílias que controlam a mídia brasileira.
Elas fornecem a matriz do pensamento conservador, que agora se dissemina com muito maior rapidez e profundidade através das redes sociais, com o poder reforçado pelo fato de que os compartilhamentos partem de pessoas que são parentes, amigos ou conhecidos.
O que quero dizer é que para um leitor eventual de jornal — que mora no interior de Tocantins e não é assinante da Folha, nem da Veja — um artigo do Reinaldo Azevedo cujo link ele recebe no Facebook, recomendado por um parente, vem com uma força emocional que inicialmente independe do conteúdo.
A opinião da direita viaja mais, mais rápido e chega onde não chegava antes; o discurso raivoso ajuda a ganhar a competição contra outros conteúdos que diariamente disputam nossa atenção, por ter óbvio apelo emocional.
Para desmontá-lo, seria necessária uma contra-ofensiva para a qual o PT não se preparou, crente no poder do controle remoto e na propaganda eleitoral de João Santana. Tarde demais? Saberemos em outubro.
Reinaldo Azevedo tem um blog, escreve para a Folha e faz comentários para a rádio Jovem Pan, ou seja, não por acaso atua em múltiplas plataformas disseminando o pensamento do patrão.
É um padrão que se repete.
Podemos ouvir Merval Pereira na rádio CBN, lê-lo em O Globo e vê-lo na Globonews.
A caminho de Santana do Acaraú, no interior do Ceará, ouvi o historiador Marco Antonio Villa falando mal do PT num programa da rádio Jovem Pan, via satélite. Nada disso, obviamente, acontece por acaso.
Além da incompetência/covardia do próprio PT e de seus governos na área da comunicação, marcada pela presença no comando de jornalistas cujo interesse essencial é preservar laços com a mídia corporativa que lhes rendam futuros empregos, a blogosfera acaba tendo um impacto negativo quando estimula o que eu chamaria de “síndrome da seita religiosa”, o popular avestruz — ou toupeira — que esconde a cabeça para não saber o que se passa à sua volta.
Gilberto Carvalho está certíssimo: para vencer o cerco conservador estimulado pelo antipetismo da mídia, é preciso atacar os problemas subjacentes ao descontentamento da sociedade, que não são poucos: de uma economia em marcha lenta à profunda crise urbana das metrópoles.
Uma blogosfera crítica é essencial para que isso aconteça.

VEJA ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE GILBERTO CARVALHO, CONCEDIDA  À FOLHA DESTA 2ª E CITADA PELO JORNALISTA AZENHA.
MINISTRO ESQUECEU DE CITAR O PROPINODUTO BILIONÁRIO TUCANO EM SP, O CHAMADO TRENSALÃO TUCANO  (Ou, caso tenha  sido mencionada pelo ministro, não foi publicada pelo jornal)
Nesta entrevista, Gilberto Carvalho não cita o propinoduto tucano bilionário no Metrô de SP e trens da CPTM - de 1995 a 2014 - envolvendo os governos Covas, Alckmin e Serra, embora mencione o mensalão tucano e a compra de votos, envolvendo corrupção do PSDB.
Para Carvalho, "se houvesse o mesmo padrão de investigação que nós tivemos nesses últimos 12 anos, muita gente do governo anterior estaria na cadeia".
Nós, do RodapéNews, em relação ao propinoduto tucano, temos claro que  quebra dos sigilos fiscal e bancário no Brasil da Aqua Lux e da MGE, entre outras  empresas usadas, respectivamente, pela Alstom e Siemens para repasse de propinas a agentes públicos ligados aos tucanos, será determinante para se conhecer os destinatários finais de eventuais propinas pagas pelas multinacionais.
No andar da carruagem, a responsabilidade sobre o propinoduto tucano  recairá unicamente no colo do conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, por provas obtidas na Suíça e não no Brasil. 

Folha - 23/06/2014 (via Quidinovi)
PT erra no diagnóstico sobre a insatisfação com o governo, afirma ministro Gilberto Carvalho
Ministro vê sentimento generalizado e diz que partido alimenta 'ilusão' de que 'povo pensa que está tudo bem'
ou

CELSO LUNGARETTI TIRA O CHAPÉU PARA CARVALHO
Congresso em Foco
Gilberto Carvalho, o ministro odiado pela direita e que sacode a esquerda
Crítico do caminho seguido pelo PT, analista tira o chapéu para o secretário-geral da Presidência da República e sua defesa dos valores originais do partido. “Torço para que haja mais petistas como Gilberto Carvalho”, diz Celso Lungaretti

INDÚSTRIA CHINESA FATURA ALTO COM A COPA
Folha (via AE)
A seleção chinesa não se classificou, mas sua "indústria marcou gol" - por Nélson de Sá
ou

CARAS-DE-PAU, VEREADORES TUCANOS, QUE BOICOTARAM DECRETAÇÃO DE FERIADO NESTA 2ª NA CIDADE DE SÃO PAULO, NÃO FORAM TRABALHAR
SPresso
Vereadores impediram feriado em SP mas não foram trabalhar
Liderados pelos vereadores tucanos Andrea Matarazzo, coronel Telhada e Patrícia Bezerra, os parlamentares ausentaram-se do plenário, boicotando a votação e provocando a derrota do projeto por falta de quórum.
Por incrível que pareça, os vereadores que fizeram tanta questão que não fosse feriado resolveram não trabalhar nesta segunda-feira (23), entre eles, os tucanos que lideraram o boicote ao projeto.
O SPressoSP ligou no gabinete de Matarazzo, Telhada e Patrícia, mas ninguém atendeu ao telefone. O portal UOL informou que ligou diretamente para os parlamentares, que não atenderam

ARAUTOS DO CAOS SEGUEM COM ESPERANÇA DE QUE ALGUMA CATÁSTROFE OCORRA ATÉ O FIM DA COPA
Carta Maior
Cinco falácias e cinco verdades sobre a Copa no Brasil.
Os arautos do caos e do desconcerto na velha mídia nacional e internacional perderam o pé e estão naufragando. 
Mas nem por isso vão perder a esperança, na expectativa de que ainda haja alguma catástrofe dentro dos campos (por exemplo, uma possível eliminação precoce do Brasil) ou fora dele: aqui serve qualquer coisa, de inundação a desastre. 
Afinal, velha mídia é velha mídia, e tem uma reputação a manter

GLOBO PERDE AUDIÊNCIA 
CA
Copa comprova decadência da Globo
http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/06/24/copa-comprova-decadencia-da-globo/



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Folha e Globo publicam pseudo-entrevista com Felipão

VALE TUDO DA IMPRENSA PARTIDARIZADA

ATRÁS DE SENSACIONALISMO, FOLHA E GLOBO PUBLICAM FALSA ENTREVISTA COM FELIPÃO
Viomundo
Folha, Globo e jornalista dão “barriga” sobre Felipão; autor acusou o livro A Privataria Tucana de “incompetência” - por Conceição Lemes
Jornalista entrevistou Vladimir Palomo, sósia de Felipão, como se fosse o técnico da seleção brasileira
O jornalista Mario Sergio Conti é um profissional tarimbado. É o autor do livro Notícias do Planalto.
Já foi diretor das revistas Veja e Piauí e apresentador do Roda Viva, da TV Cultura.
Atualmente apresenta o programa Diálogos, da Globo News. Também é colunista dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.
Na quarta-feira 18, ele pegou um vôo da Ponte Aérea Rio-São Paulo,  e  “percebeu”  a presença de Neymar e  Luís Felipe Scolari, no avião.  Ele colou no “Felipão” e fez uma entrevista exclusiva com o treinador, cujo conteúdo imaginava ser um “furo”.  No jargão jornalístico, “furo” é notícia importante, publicada em primeira mão, por um órgão de imprensa.
Um furo n’água. No jargão jornalístico, uma “barriga”, ou seja, notícia inverídica publicada por órgão de imprensa.
Felipão ficou em Fortaleza na  quarta, não viajou do Rio para São Paulo.
Mario Sergio entrevistou o Felipão errado, na verdade, Vladimir Palomo, um sósia do treinador.
A Folha tirou a matéria do ar. Em O Globo é possível encontrar no cache.
Os dois jornalões publicaram as respectivas correções.
Nesta quinta-feira, O Globo e Folha de S. Paulo publicaram, em destaque, o  “furo” de Mario Sergio.

BARRIGA DO CONTI
CA
Mauro Beting: Conti, conte outra…
“É mais fácil nessa condição profissional do nobre colega saber quem é sócio do patrão que reconhecer um sósia do Felipão.”
Conti (o autêntico), o sósia e o verdadeiro (morrendo de rir)

DESCULPEM POR NOSSA FALHA - SE NÃO TEM NOTÍCIA, NÓS INVENTAMOS
Folha
Colunista da Folha confunde sósia com Felipão

O Globo
Colunista do GLOBO confunde sósia com Felipão
- Achei que era o Scolari, tive certeza de que era ele. Eu estava lá esperando o voo, ele entrou, sentou-se ao meu lado. Eu fui perguntando e o cara respondendo. Não é que ele queria ter me enganado. Longe disso - disse Conti, que contou que nunca se encontrou pessoalmente com o técnico e que só o via pelos jogos na TV.
Achando ter uma notícia quente do dia, Conti escreveu uma coluna e enviou para O GLOBO e a "Folha de S.Paulo", da qual também é colunista. O texto chegou a ser publicado nos sites dos dois jornais por cerca de uma hora, mas foi retirado do ar. Alertado que Felipão estava em Fortaleza, Conti diz que ligou para o número do cartão do sósia e confirmou: aquele era Palomo

OUTRA SACANAGEM: FOLHA USA POEMA "VIVA A VAIA" SEM AUTORIZAÇÃO DE SEU AUTOR, O POETA AUGUSTO DE CAMPOS
(Veja mais informações sobre a vaia e xingamentos a presidente Dilma no tópico "Mais notícias sobre Copa do Mundo")
Revista Fórum
“Viva a Dilma, Vaia aos VIPS”, diz poeta Augusto de Campos em resposta à Folha
Em reportagem sobre os xingamentos que a presidenta Dilma Rousseff recebeu na abertura da Copa do Mundo (12), na Arena Corinthians, o jornal Folha de S. Paulo utilizou um poema de Augusto de Campos, que se chama VIVA VAIA. Mas, de acordo com Campos, a utilização foi indevida e sem a sua autorização.
Augusto de Campos disse em sua carta-resposta ao jornal que a “brutalidade de conduta de alguns torcedores, que configura até crime de injúria, mereceria pronta e incisiva condenação e não dubitativa cobertura, abonada por um poema meu publicado fora de contexto”

PERSEGUIDO PELA TRUPE DE JORNALISTAS FASCISTAS, JOSÉ TRAJANO, DA ESPN, FECHA SUA CONTA NO FACEBOOK
RBA
Sobre Reinaldo Azevedo - 'Já fez dois posts me odiando e convocou sua trupe para me xingar', diz Trajano
Jornalista criticou os xingamentos à presidenta Dilma Rousseff (PT) na abertura da Copa e 'deu nome aos bois'; Jean Wyllys também se manifestou duramente sobre as ofensas.
As reações classificadas por Trajano se iniciaram a partir da edição do programa Linha de Passe, da ESPN Brasil, exibido na noite da última quinta-feira (12), quando o jornalista criticou duramente os xingamentos dirigidos por uma parcela elitizada do público presente na Arena Corinthians, em Itaquera, à presidenta Dilma Rousseff (PT), na abertura da Copa do Mundo.  Desde então, o debate ganhou forma e conteúdo que se referem diretamente a grupos que atuam tanto na mídia tradicional quanto aos que espalham comentários de ódio nas redes sociais.
Também foi no Linha de Passe, na sexta-feira (13), dia seguinte à abertura do torneio, que Trajano voltou a tocar no assunto das vaias à presidenta e explicou os motivos de ter fechado a conta que tinha no Facebook.  E deu nome aos "bois". “Eu fechei minha conta do Facebook para não perder amizades, assustado que estava com o pensamento protofascista de seguidores de Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho, Augusto Nunes e outros semelhantes”, comentou o jornalista

PROPINODUTO TUCANO

NO BOLSO DA MINHA CALÇA NÃO ENTROU UM DÓLAR DA ALSTOM, AFIRMA ROBSON MARINHO PARA A TORCIDA.
A TORCIDA RESPONDE: CALÇA NOVA, CALÇA NOVA!

Estadão - 19/06/2014
Promotoria solicita bloqueio de R$ 1,1 bi de Marinho
Pedido consta de ação civil por improbidade no caso Alstom movida contra conselheiro do TCE e ex-secretário do governo Mário Covas
Defesa. Marinho diz que não recebeu ‘um dólar’ da Alstom

Jornal Nacional - 18/06/2014
Vídeo: MP de São Paulo denuncia por corrupção o conselheiro do TCE Robson Marinho

G1
Promotoria entra na Justiça contra conselheiro Robson Marinho
Suspeito de receber propina no caso Alstom, ele nega as acusações.
MP apontou 10 acusados, incluindo empresas e ex-diretores da multinacional.

OUTRAS NOTÍCIAS DE ÂMBITO NACIONAL

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM FOCO

PLENO DO SUPREMO TEM QUE REVER ATOS ARBITRÁRIOS DE JOAQUIM BARBOSA QUE ENGAVETARAM RECURSOS 
Folha 
Ameaça em plenário - por José Luiz Oliveira Lima
O silêncio ensurdecedor de Joaquim Barbosa em responder aos pedidos de agravo só serve para esconder a arbitrariedade jurídica de suas decisões

EM DEFESA DA JUSTIÇA E DO ESTADO DE DIREITO
Blog do Zé
Entregue ao STF apelo contra agressão ao Estado de Direito democrático
Através de uma delegação de representantes que percorreu nesta 4ª feira as dependências do Supremo Tribunal Federal (STF), mais de 300 políticos, intelectuais, artistas e representantes dos mais diversos setores da vida nacional protocolaram nos gabinetes dos ministros da Corte o manifesto “Apelo público ao STF em defesa da Justiça e do Estado de Direito”.
A delegação foi composta por Samuel Pinheiro Guimarães, diplomata e professor, representando intelectuais e artistas que subscreveram a carta; Humberto Costa, senador, representando os parlamentares; Pastora Romi Márcia Bencke, religiosa, coordenadora do CONIC, representando os religiosos; Misa Boito, dirigente do PT, representando os militantes e dirigentes partidários; Ana Morais, representando os jovens; Alexandre Conceição, do MST, representando militantes e dirigentes dos movimentos sociais.

ANOS DE CHUMBO

FORÇAS ARMADAS NÃO VEEM TORTURAS E MORTES DURANTE A DITADURA. PODE?
Estadão 
Informe militar não vê abuso na ditadura
Sindicância feita pelas Forças Armadas a pedido da Comissão da Verdade nada diz sobre torturas e mortes de 1964 a 1985

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

MUITO ALÉM DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA QUE TEMOS HOJE
RBA
Executivo quer ampliar discussão sobre novos canais de participação social
Gilberto Carvalho afirma durante encontro com ONGs e ativistas que governo quer aproveitar polêmica sobre decreto presidencial para provocar mais debates sobre ampliação da democracia

OUTRAS NOTÍCIAS DE SP

PREFEITURA DE SP NÃO CAPITALIZA POLITICAMENTE PROPOSTA INÉDITA QUE REDUZ ATERROS SANITÁRIOS E PRESERVA MEIO AMBIENTE

PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO FORNECE GRATUITAMENTE 2 MIL  MINHOCÁRIOS PARA COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS;
IMAGINA SE PARCELA CONSIDERÁVEL DE MORADORES DE SÃO PAULO ADOTASSE MINHOCÁRIOS EM CASA....
Estadão
SP distribui 2 mil minhocários para despejo de resíduo orgânico
Esta importante notícia está na parte inferior da página, após "Enem alcança 8,7 milhões de inscritos".
Quem quiser se cadastrar para receber uma composteira em casa deve preencher um formulário no site www.compostasaopaulo.eco.br.

COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS
CompostaSP
Você sabia? Se na cidade de São Paulo houvesse minhocários disponíveis em todas as casas, 50% do lixo coletado diariamente não precisaria mais ser enterrado, pois seria reaproveitado como adubo orgânico

COM FALTA DE ÁGUA, TAPETE DE CORPUS CHRISTI É IMPROVISADO
Estadão - 19/06/2014
Cidade faz tapete de Corpus Christi sem água
No lugar do pó de serra e das tintas, será usado um tecido do tipo TNT para cobrir as ruas

PEDÁGIOS NAS ESTRADAS PAULISTAS

MINA DE DINHEIRO PARA CONCESSIONÁRIAS
Estadão
Pedágio deve aumentar 6,5% em SP
Tabela oficial vai ser anunciada no fim do mês, mas governo já descartou evitar o reajuste ou aplicar índice superior à inflação oficial

CPI DOS PEDÁGIOS - INSTALADA NA ASSEMBLEIA DE SP, BASE ALCKMINISTA PROCURA INVIABILIZÁ-LA
AP
Base do governo tenta judicializar CPI dos Pedágios
Na reunião desta quarta-feira (18/6), aliados do governador Geraldo Alckmin tentaram acabar com a CPI dos Pedágios, questionando sua legalidade, já que a Justiça estaria analisando os aditivos dos contratos das concessionárias das rodovias paulistas

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA USP ENTRA EM GREVE
Estadão
Hospital Universitário tem 1ª greve em 19 anos
Foram suspensas por tempo indeterminado as consultas ambulatoriais e cirurgias eletivas; atendimentos de urgência e emergência ainda ocorrem

JORNAL DENUNCIA PAGAMENTO DE SUPERSALÁRIOS NA ASSEMBLEIA DE SP (dica do internauta Antônio de Souza)
Folha - Painel
Assembleia de SP paga salário de deputado para 298 servidores ou inativos
Supersalários.sp A Assembleia Legislativa de São Paulo paga a 298 funcionários salários iguais ou superiores ao teto determinado pela Constituição. Pela lei, ninguém deveria receber mais que R$ 20.042,34, subsídio dos 94 deputados estaduais. No entanto, as gratificações têm inflado os contracheques de assessores e ocupantes de cargos comissionados. Incluindo benefícios extras, como auxílios e licenças-prêmio, o número de funcionários que receberam mais que o teto chegou a 455 em abril.
Afortunados Os maiores salários, de R$ 26.589,68, são pagos a 76 procuradores da Casa. A Assembleia sustenta que eles têm direito ao teto pago pelo Ministério Público.
Show do Milhão Somando indenizações por férias e licenças vencidas, uma servidora aposentada chegou a receber R$ 132 mil em abril. Ela atuou na liderança do DEM.
Pago sim A Assembleia afirma que os supersalários, recém-divulgados na internet, estão dentro da lei. Diz que reduziu gastos e que não divulga os nomes dos servidores por ordem da Justiça.
Leia esta e outras notas da coluna de sábado

INAUGURAÇÃO DE TEMPLO DA UNIVERSAL NO BAIRRO DO BRÁS, ZONA LESTE DE SÃO PAULO
Estadão
Universal chama políticos para abertura de templo
Planalto diz que Dilma deve ir; igreja convida também os 27 governadores para inaugurar em julho, no Brás, a megaestrutura para até 10 mil fiéis

PLANO DIRETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO
Estadão
Texto final do Plano Diretor exclui Copa do Povo e libera espigões em SP

COMEMORAÇÃO: UM ANO DA REDUÇÃO DA TARIFA EM SP 

COM ATO SEMELHANTE AO OCORRIDO NESTA 5ª, MPL CAMINHA PARA SUA DESQUALIFICAÇÃO, QUE É PRETENDIDA PELAS CLASSES DOMINANTES
Bom Dia, SP
Protesto do Passe Livre termina com bancos e carros de luxo depredados

Estadão
Black blocs destroem carros de luxo e depredam bancos em ato do MPL
Prejuízo de concessionária na Marginal do Pinheiros é de, no mínimo, R$ 1,5 milhão.
Diferentemente de protestos anteriores, a Polícia Militar atendeu à solicitação dos manifestantes e fez acompanhamento a distância.
A manifestação do Movimento Passe Livre (MPL) em comemoração de um ano de redução das tarifas de ônibus, trens emetrô, de R$3,20 para R$ 3, após a onda de protestos de junho do ano passado, terminou em vandalismo e confronto de mascarados com a Tropa de Choque, na noite de ontem, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Diferentemente de atos anteriores, a Polícia Militar acompanhou a passeata de 1,3 mil manifestantes a distância.
Não houve presos e feridos.

LUTA PELA ESCOLA PÚBLICA E DE QUALIDADE (dica do internauta Milton Gurgel) 
Folha (via GGN)
100% escola pública - por Francisco Foot Hardman e Alcir Pécora
Basta de hipocrisia! Ocupação de todas as vagas da universidade pública por quem as merece de direito e de fato: estudantes das escolas públicas.
Novo significa: educação pública, universal e de qualidade igualmente acessível para quem nasça pobre, seja preto, pardo, indígena ou branco. Sem barreiras. Sem alfândegas. Para isso, será necessário canalizar muito das energias dispersas das Jornadas de Junho numa vontade organizada, pois apenas essa pode ser politicamente eficaz.
Seria necessário, portanto, mais que 10% do PIB; mais que 9,57% do ICMS que Alckmin-Calabi respingam como dádiva; mais que inventar um reitor biônico, como Rodas por Serra. Seria necessário defender e aprofundar a plena autonomia financeira da universidade pública, sustentada sobretudo pela grandeza de seus objetivos científicos e sociais
ou

ELEIÇÕES 2014

PESQUISA IBOPE: DILMA TEM 39%, AÉCIO, 20%, CAMPOS, 10%
Estadão - 20.06.2014
Copa não altera cenário presidencial, mostra Ibope

DEPUTADO ACUSA AÉCIO DE SER CENSOR 
Viomundo
Rogério Correia: “Aécio fez com jornalista do Rio o que sempre faz em Minas. Censura, cala e até prende quem denuncia o que ele faz de errado”

MARINA BOICOTA CANDIDATO DO PSDB DO PARANÁ. FATO SEMELHANTE PODE OCORRER EM SÃO PAULO EM RAZÃO DO APOIO DO PSB AO PSDB
Estadão
Marina boicota agenda com Richa no PR
Durante visita ao Estado, ex-ministra não vai a encontro de Campos com o governador do PSDB, cuja reeleição conta com o apoio do PSB

R7
PSB confirma apoio a Alckmin e garante vaga de vice
Acordo afasta Gilberto Kassab da disputa como vice do governador tucano 

ARTICULA VÊ BLINDAGEM DA MÍDIA EM RELAÇÃO AO GOVERNO ALCKMIN E ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO FALHA POR PARTE DA ASSESSORIA DE PADILHA
Movimento do Sem Mídia
Alckmin, o suicídio da esquerda, a blindagem da mídia e os genéricos de chuchu - por Eduardo Guimarães
Muitos se espantaram com  pesquisa Datafolha que apontou vitória de Alckmin no 1º turno. Afinal, com São Paulo sofrendo racionamento disfarçado de água, com o transporte por trens transformando a vida dos paulistanos em um inferno, com os assaltos batendo recordes, como é possível que o povo paulista apoie tanto o responsável pelo abastecimento de água, pelo metrô e pela CPTM e pelas Polícias Civil e Militar?
Se tiver um mínimo de senso de gratidão, Alckmin deve começar agradecendo a partidos como o PSOL e o PSTU pelo caos que instalaram em São Paulo. Quem é da capital, sentiu na pele o sofrimento que as “jornadas de junho”, com seus black blocs, e o movimento contra a Copa desencadearam. Quem é do interior, teme que a “baderna dos comunistas” chegue até lá.
Claro que a blindagem da mídia ajuda. Desde que estourou o escândalo dos trens em São Paulo, a imprensa paulista não publicou uma só crítica a Alckmin. Sobre o racionamento velado de água, limita-se a pedir “colaboração” aos paulistas. Em vez de criticar o governo tucano pelo surto de assaltos, a mídia só fala em “queda dos assassinatos”.
Temos os pré-candidatos que disputam com Alckmin a sua sucessão. Conheço bem o ex-ministro Alexandre Padilha. É um excelente gestor. Responsável pelo Mais Médicos e autor de uma das melhores articulações do PT com blogueiros e ativistas digitais, poderia revolucionar São Paulo, caso fosse eleito.
Contudo, o problema de Padilha é a política. Sua estratégia comunicacional, como sói acontecer com o PT em todos os níveis (municipal, estadual e federal), é péssima. Apesar de ter ideias muito diferentes das de Alckmin, seu discurso oficial parece com o de qualquer tucano

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IMPRESSÕES DE UM EMPRESÁRIO PRESENTE NO JOGO INAUGURAL DA COPA
Folha 
Abilio Diniz: "Alegrias e Tristezas"
Fui ao Itaquerão influenciado por comentários negativos. Nada disso. Estádio pronto, entorno correto. As pessoas que foram de trem ou de metrô levaram pouco mais de meia hora para chegar. Pena que não é do São Paulo. Parabéns aos corintianos.
Tristeza só com a minoria de arruaceiros que ainda pensa que pode arruinar a Copa e prejudicar o país. E com as ofensas à presidente da República, uma vergonha. Não se trata de gostar ou não da Dilma. Apesar das diferenças, não podemos esquecer coisas básicas como a educação.
Respeito o país e suas instituições. Por mais que existam revoltas, descontentamentos e indignação, não se pode esquecer o compromisso com o Brasil. Digo isso há algum tempo. Não é assim que se constrói um país melhor

CAFAJESTICE É A REGRA
Folha - 17/06/2014
O que se perdeu - por Janio de Freitas
Os defensores do xingamento dirigido à presidente da República, adeptos do argumento de que apenas foi usada a linguagem das arquibancadas de futebol, formalmente têm razão. Mas o fato fez parte de mais do que os hábitos dos campos de futebol, mais do que um insulto pessoal e mais do que seu alegado sentido político.
Na raiz e na forma daquele fato está a realidade de que os brasileiros não têm educação nenhuma. A que tiveram, e não há dúvida de que a tiveram, perderam toda. Como e por quê, não está identificado nem procurado, o que por si já é prova da falta de educação. Mas nada a ver com a educação escolar, que a outra independe desta.
A cafajestice é a regra, sem diferenciação entre as classes econômicas. Na vulgaridade da linguagem, na indumentária "descontraída", na ganância que faz de tudo um modo de usurpar algo do alheio, na boçalidade do trânsito, nos divertimentos escrachados, na total falta de respeito de produtores e comerciantes pelo consumidor, enganado na qualidade e furtado no valor --em tudo é o reinado do primarismo mental e dos modos da falta de educação

CRETINICE TEM O INCENTIVO DE PARCELA DA MÍDIA
Viomundo
Lula: “Cretinice” no Itaquerão incentivada “por parte da imprensa”

DECLARAÇÕES DO MINISTRO CARVALHO 
Estadão
Declaração de Carvalho causa mal-estar no PT

APÓS INCIDENTES NO JOGO CHILE X ESPANHA
Estadão - 20.06.2014
Falhas no Maracanã obrigam Fifa e governo a aumentar efetivo da PM
A Fifa recusou plano de segurança expandida

O Globo
Fifa e COL anunciam, nesta sexta, medidas preventivas contra invasões nos estádios

CIDADE DE SÃO PAULO SEM FERIADO NA SEGUNDA
Estadão
Câmara barra feriado na segunda-feira e Haddad anuncia rodízio das 7h às 20h
Após capital registrar 302 km de filas anteontem, prefeito fez um apelo aos vereadores para decretar folga no próximo jogo da seleção, que ocorrerá após uma partida na Arena Corinthians; base racha e líder do PT culpa ‘interesses específicos’

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Haddad quer escalonar horários na 2ª
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MELHORES MOMENTOS



segunda-feira, 16 de junho de 2014

Este é Aécio Neves

Revista Piauí - Edição 93 - Junho de 2014
O PÚBLICO E O PRIVADO
O dilema que acompanha Aécio Neves, o presidenciável tucano
por MALU DELGADO

Vamos fazer um negócio curtinho lá, senão ninguém aguenta. Pá, pum! E aí entra a música.” Aécio Neves da Cunha batia a lateral da mão direita na palma esquerda, ritmadamente. Orientava os discursos que seriam feitos dali a algumas horas no lançamento da pré-candidatura de Pimenta da Veiga ao governo de Minas Gerais. Dentro do jatinho que ia de Brasília a Belo Horizonte naquela manhã de fevereiro, cinco coadjuvantes da festa ouviam o senador com atenção. Além do presidente do psdbpaulista, Duarte Nogueira, e do líder do partido na Câmara, Antonio Imbassahy, estavam no voo os presidentes da seção mineira do PSB, do PDT e do PT do B. A fauna política era uma pequena amostra do modo de operar de Aécio. Se tudo correr conforme o planejado, Pimenta da Veiga terá mais de 20 legendas apoiando sua candidatura.
De janeiro a maio, o senador mineiro fez quarenta viagens de avião custeadas pelo partido – dezesseis delas para São Paulo. As agendas eleitorais disfarçadas de compromissos partidários geralmente se iniciam às quintas-feiras, quando o Congresso se esvazia. Na aritmética dos tucanos, se chegar à frente de Dilma Rousseff no estado de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra, Aécio dificilmente fica fora do segundo turno da eleição presidencial. Ele considera que em Minas, segundo colégio eleitoral do país, deve ter ampla vantagem sobre a petista.
Sentado sempre de frente para a cabine de comando – hábito do qual não abdica –, Aécio fez o sinal da cruz assim que o avião decolou. Perguntei se tinha medo de voar. Deu de ombros e respondeu que certas coisas são inevitáveis, “então melhor nem pensar no assunto”. Minutos depois o senador descrevia, efusivo, a ampla coalizão que montava em seu estado. Brincava ao mesmo tempo com os parlamentares, chamando-os por apelidos ou diminutivos. Fez piadinhas inaudíveis ao pé do ouvido de Júlio Delgado, do PSB. Pegou o tablet de um assessor para acompanhar as últimas notícias e passou os olhos em alguns relatórios. Relaxado, pôs-se a falar do lugar de que mais gosta, a fazenda na cidade de Cláudio, no interior de Minas. “São 50 alqueires e alguns pezinhos de café para não ficar feio e também curar a cachaça”, ele disse. Chamou seu refúgio de “meu Palácio de Versalhes”, numa alusão ao château nos arredores de Paris que funcionou como centro do poder do Antigo Regime francês. “Um dia você vai conhecer o meu palácio”, prometeu. Nos quase quatro meses em que o acompanhei em viagens e eventos, ele evitou abrir as portas de seu castelo, sem nunca ter dito “não” claramente. A fortaleza mineira, na descrição de um amigo da família, é “uma fazenda tipicamente colonial, sem pompa, com uma capelinha na entrada e campinho de futebol”.
Imbassahy interrompeu a conversa para mostrar “um vídeo fantástico” no YouTube. “Já viu?”, perguntou, empurrando o tablet em minha direção. Aécio e as irmãs Andrea e Angela aparecem ao lado de outros parentes numa varanda do château. Participam todos de uma cantoria animada. A música é Tocando em Frente, de Renato Teixeira e Almir Sater, aquela que diz “ando devagar porque já tive pressa”. A gravação foi feita em 2006, mas havia sido postada na rede apenas três dias antes da nossa viagem. “Muito bom, muito bom”, repetia o deputado baiano. “Ele é o campeão número 1 nesta arte, a sacanagem de agradar”, emendou, apontando para Aécio.
Entusiasmado, Imbassahy argumentou que, ao contrário de Serra, que disputou a Presidência em 2002 e 2010, e ao contrário de Alckmin, candidato em 2006, o mineiro agora teve tempo e condições, como presidente do PSDB, para gestar acordos políticos e preparar os terrenos regionais. “Esse camaradinha aí costurou coisas que só vão aparecer lá na frente.” Uma dessas “costuras” apareceu durante o voo. Pouco antes de desembarcar, entre goles de Coca-Cola Zero, Aécio conversou por telefone com o ex-prefeito Gilberto Kassab para agradecer o apoio do PSD a Pimenta da Veiga.
Engomados, com ternos escuros bem cortados, Pimenta da Veiga e Antonio Anastasia, à época ainda governador, esperavam por Aécio no aeroporto da Pampulha. Conversaram por alguns minutos numa sala a portas fechadas. De calça jeans, camisa social azul-clara, mangas arregaçadas e um sapato social azul-marinho já gasto, Aécio propôs que todos tirassem as respectivas gravatas. Anastasia foi o primeiro a atender e, empolgado, se livrou também do blazer, deixando em evidência sua silhueta roliça. Mais à vontade, embarcaram na van.

"Minas é minha casa e minha causa” – totalmente confortável em seu discurso, Aécio usou e abusou do bordão, que repetiria em outras ocasiões. Governador do estado por duas vezes, de 2003 a 2010, foi reeleito com 77% dos votos válidos. Gosta de mencionar que deixou o governo com 92% de aprovação. Elegeu Anastasia seu sucessor, derrotando a chapa com dois ex-ministros de Lula (Hélio Costa, do PMDB, e Patrus Ananias, do PT, como vice). Formado em direito, professor universitário, Antonio Anastasia foi secretário de Planejamento e Gestão de Aécio no primeiro mandato; filiou-se ao PSDB a pedido do chefe e tornou-se vice-governador no segundo.
“Depois de três meses do primeiro mandato eu já sabia que meu sucessor seria o Anastasia”, disse Aécio. No início da campanha de 2010, o pupilo tinha menos de dois dígitos nas pesquisas. Terminou eleito no primeiro turno. “Anastasia é um príncipe. É de uma lealdade indescritível. Um técnico, um político sem ambição. Mora até hoje num apartamentinho com a mãe, de 90 anos”, contou Aécio no avião, poucos minutos antes de aterrissarmos. Semanas depois, em São Paulo, o tucano anunciaria a empresários que Anastasia iria coordenar seu programa de governo. Se eleito, Aécio transformará Anastasia em um de seus mais poderosos ministros, muito provavelmente na pasta do Planejamento.
No palanque, Aécio cutucou Pimenta da Veiga duas vezes, para que encerrasse seu discurso. Aos 66 anos, ele foi batizado de “candidato naftalínico” pela oposição. “Os mineiros, que sempre foram protagonistas na história nacional, vão ter neste ano papel decisivo, porque o próximo presidente da República está entre nós”, concluiu Pimenta. Anastasia deu seu recado em poucos minutos – sucinto, como o chefe recomendara. E Aécio falou por menos de dez minutos. Citou Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek, obviamente. Pá, pum!
Quando se dirige aos mineiros, sua voz ganha uma impostação solene, que faz lembrar discursos políticos à moda antiga. O recado: estava pronto para ser presidente. E isso só seria possível com os votos de Minas. Entrou então a música: um sambinha da década de 80, feito por uma escola tradicional de São João del-Rei para Tancredo Neves.
Suado, com a camisa para fora da calça e os cabelos desalinhados, Aécio secou o rosto com um lenço antes de posar para fãs, a maioria mulheres munidas de celulares. Em todas as imagens – dezenas – não tirava o sorriso do rosto, exibindo, como se estivessem congeladas, as famosas covinhas. Entrou num carro com Pimenta, Anastasia, Imbassahy e Nogueira – e desapareceu. Quando percebi, estava sozinha na van com um assessor do senador.
Cerca de quarenta minutos depois eles ressurgiram no hangar onde os aguardávamos. Aécio explicou a razão do sumiço: fora visitar o ex-deputado Eduardo Azeredo, que na véspera havia renunciado ao mandato. Réu na ação penal do mensalão tucano que tramitava no Supremo Tribunal Federal, Azeredo, com seu gesto, conseguiu levar o processo à primeira instância, postergando o julgamento e mantendo-se distante dos holofotes, ao menos por ora. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido sua condenação a 22 anos de prisão por desvio de recursos na campanha eleitoral de 1998. No dia em que esteve com ele, Aécio limitou-se a comentar que Azeredo – como ele, também ex-governador de Minas –, é “um homem de bem” e estava “abatido”. E foi logo puxando outro assunto.  

Não foi por acaso que durante o voo Imbassahy me mostrou o vídeo de Aécio na fazenda. A divulgação na rede de uma cena familiar (ou um “conteúdo positivo”, no jargão dos marqueteiros) faz parte de uma operação de guerra. A campanha tucana se preocupa particularmente com os efeitos nocivos da internet para a imagem do candidato. Seus apoiadores discutem a possibilidade de criar um espaço virtual para publicar “todos os boatos” sobre o mineiro, com as respectivas respostas. A inspiração vem de Barack Obama, que fez uso desse recurso na campanha americana.
Aécio move processos contra o Facebook e os buscadores Google, Yahoo e Bing. Alguns tucanos consideram que a estratégia é um tiro no pé. O senador reitera que tem sido mal interpretado e que não há, nem nunca houve, nenhuma intenção de praticar censura.
O escritório de advocacia Opice Blum é um dos mais renomados do país nas questões sobre direito digital. Aécio o contratou como pessoa física e mantém os honorários em segredo. Dois processos contra o Facebook – um deles corre em sigilo de Justiça – pedem a retirada de perfis falsos de Aécio, que usam a primeira pessoa e incitam o uso de drogas. “Aí não dá para admitir. Isso é criminoso”, me disse Juliana Abrusio, jovem advogada de 36 anos. Sentada em sua mesa, numa sala ampla que divide com outros advogados, ela sorvia um picolé Rochinha enquanto me explicava os processos. De acordo com Juliana, são vários perfis criados por “quadrilhas virtuais criminosas” para difamar a imagem do senador. A crítica, a divergência de opinião e até a zombaria são aceitáveis; “o crime, em hipótese alguma”, frisou.
 Saia justa até o joelho, meia fina, saltinho, camisa social rosa-clara, ao terminar o picolé Juliana fez um coque no cabelo e o prendeu com uma caneta. Explicou que o processo contra os buscadores da internet é referente “a uma mentira que espalharam na rede dizendo que o senador é acusado em ação judicial promovida pelo Ministério Público de ter desviado 4,3 bilhões de reais”. Essa “mentira”, disse Juliana, “foi disseminada na internet por meios ilícitos” (robôs, spams de comentários e outras táticas de guerrilha) “para influenciar os algoritmos desses sites de busca”. Quanto maior o interesse por um tema na rede, mais destaque ele ganha no buscador. O que o senador quer, enfatizou a advogada, é que essa combinação de palavras  “Aécio + desvio de R$ 4 bi” deixe de ser “oferecida espontaneamente pelos buscadores”. Ela insistia: “Não é censura. Não pedimos a retirada de nenhum conteúdo.” Não seria uma luta inglória? Ela admite que, se Aécio vencer as ações, os conteúdos vão continuar na rede. Mas ficaria mais difícil acessar tais notícias.
O caso dos 4,3 bilhões é intricado. A promotora de Justiça Josely Ramos Pontes, que investigava a aplicação de recursos na Saúde durante o governo Aécio, em determinado momento descobriu que mais de 50% dos investimentos na área provinham de ações desenvolvidas pela Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais. Achou exagerado. No orçamento, o governo informava que havia transferido dinheiro à entidade para aplicá-lo em ações de saneamento. Uma auditoria mostrou, no entanto, que nos documentos contábeis da Copasa não apareciam tais recursos. Foi a partir dessa constatação que a promotora resolveu mover a ação de improbidade contra Aécio. Em janeiro deste ano, o procurador-geral de Justiça de Minas, Carlos André Bittencourt, entendeu que a promotora não poderia processar um governador e arquivou o caso, sem entrar no mérito. Josely recorreu em abril. “A toda sentença cabe uma apelação. A ação de improbidade ainda existe”, ela me disse por telefone. Não se trata, de acordo com a promotora, de uma ação para questionar o percentual de recursos aplicados na Saúde (que deve ser de 12% da receita estadual, segundo a Emenda 29). Há suspeita de desvio?, indaguei. “O que eu posso afirmar é que o estado não colocou esse dinheiro na Saúde. Os recursos aparecem na prestação de contas do estado, mas não foram gastos. A impressão que eu tenho é que esse dinheiro não existe, é uma invenção”, foi a resposta.

"Ele agora está louco para ser presidente e convencido de que vai chegar lá. Mudou muito. Isso é uma coisa curiosa, porque levou algum tempinho. E mais do que isso: ele se entusiasmou com a campanha e com a possibilidade de vitória”, disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando conversamos em seu apartamento no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Principal mentor da candidatura de Aécio em prol da renovação no PSDB, há alguns anos FHC tinha dúvidas sobre o real desejo do mineiro de encarar o projeto presidencial. Em agosto de 2007, ele disse a piauí: “Serra seria um bom presidente. Quebra-lanças. Aécio é mais conservador, acomoda mais. Isso dito, politicamente o Aécio é fortíssimo. Pode ser menos preparado que o Serra, mas é popularíssimo. […] Agora, o Aécio gosta demais da vida privada dele. Pode parecer banal, mas é assim que as coisas funcionam. Com a Presidência, muda tudo. Como ele não poderia mais ter a liberdade de que goza hoje, prefere pensar que tem tempo pela frente.”
Quase sete anos depois, FHC fez um adendo a seu diagnóstico. “Nisso o Aécio se parece comigo: ele não é muuuito apegado, ‘Eu quero ser isso, eu quero ser aquilo’. Ele não é assim”, disse, enfatizando o advérbio. “O que não quer dizer...”, refletiu, sem terminar a frase. E foi direto para a moral da história: “Eu também não era muito apegado. E fui presidente duas vezes.”
 No avião, em meio a leves turbulências, Aécio contou que “não queria de jeito nenhum” ser governador de Minas em 2002. Vivia um momento auspicioso no Parlamento, depois de ter sido eleito presidente da Câmara em 2001. Mas há sempre o imponderável. O então governador Itamar Franco enviou o ex-embaixador José Aparecido como emissário para convencer Aécio a disputar o governo com o apoio dele. Itamar tinha rompido com Newton Cardoso, o todo-poderoso do PMDB. Aécio avisou que aquilo não daria certo, porque Itamar era do mesmo partido de Newton. E fez uma proposta inusitada, imaginando que enterraria o assunto: a única possibilidade de considerar uma candidatura seria se Itamar deixasse o PMDB. Certo de que isso não ocorreria, embarcou para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, com uma namorada de Brasília e um casal de amigos. “Foi ótimo, eu estava leve, cachoeira, aquela energia. Voltei tranquilo, dirigindo uma caminhonetezinha que eu tinha, só nós quatro... Chegando em Brasília começa a aparecer o sinal do celular. Não sei quantos mil recados, telefonemas para a casa da Presidência da Câmara.” Itamar havia se desfiliado. “Todo aquele peso que a cachoeira tinha me lavado voltou de novo. E lá fui eu. Virei governador”, contou.

Misto de playboy carioca e menino do interior mineiro seria uma boa definição para Aécio, segundo quem o conhece bem. Quando seu pai, Aécio Ferreira da Cunha, foi fazer um curso na Escola Superior de Guerra, na década de 70, levou toda a família para o Rio. “Aecinho” completou 10 anos de idade na capital fluminense. Era surfista, gostava de moto. Nas férias em Minas, cavalgava. Frequentava badalações em resorts no Nordeste, agitos em Búzios e Angra dos Reis, mas também viajava para a fazenda em Cláudio, fazia cavalgadas até cidades vizinhas. Sempre gostou de jogar peladas de rua. Continuou prezando todos esses hábitos depois de ingressar na política. “Se você precisasse achar o Aécio num final de semana, era melhor desistir. Ele não atendia celular de jeito nenhum. Agora ele me deu um número e até liga pra gente, a qualquer hora e a qualquer dia”, me disse um deputado.
Cruzeirense fanático, quando adolescente Aécio pegava um ônibus no Rio para assistir aos jogos no Mineirão. Não perdia um. Dias depois da posse do primeiro mandato de governador, despediu-se dos ajudantes de ordens, tirou o terno e disse que iria sozinho ao estádio. Foi um fuzuê. O Gabinete Militar se viu obrigado a relaxar os padrões de segurança que adotava para adaptar-se aos hábitos de Aécio.
No Rio, o mineiro começou a cursar direito na Pontifícia Universidade Católica e economia na Cândido Mendes. Em 1982, aos 22 anos, cedeu aos apelos do avô para ajudá-lo na campanha ao governo de Minas. Transferiu o curso de economia para a PUC mineira e abandonou a faculdade de direito. “Se fosse um momento normal da vida brasileira, muito provavelmente eu não teria ido, não teria largado minha vida no Rio”, disse. Por influência do avô, também abortou o mestrado em Harvard, que estava engatilhado para 1985 – “Acho que nunca contei isso pra ninguém, quem sabe eu ainda realize esse sonho represado.” A carreira política começou formalmente em 1986, como constituinte, e se estendeu na Câmara dos Deputados por quatro mandatos consecutivos, até o final de 2002.
Aos 54 anos, completados em março, Aécio é – ou foi, segundo os que sustentam sua candidatura – uma pessoa boêmia. Durante muitos anos era figura assídua em sites de fofocas de celebridades. Além das namoradas do mundo pop – atrizes, modelos, colunáveis –, em diversas ocasiões apareceu na noite com amigos badalados, entre eles o ex-jogador Ronaldo Nazário, o empresário Alexandre Accioly e o apresentador Luciano Huck. “Mudei para o Rio há quinze anos. Conheci muita gente na Cidade Maravilhosa, mas construí poucas e sólidas amizades, que não enchem a palma de uma mão. Aécio é uma delas”, disse Huck por e-mail no final de um dia cheio de gravações na Globo. O animador televisivo confirmou que ele e Aécio se veem com frequência. Disse que não falam de política nos momentos de lazer. Destacou a lealdade e a capacidade do mineiro de ouvir e declarou sem titubear seu voto. “Sem dúvida, acho Aécio a melhor opção para colocar o país no caminho de uma nação mais bacana de se viver.” Na última semana de maio, Ronaldo também tornou público seu voto no tucano.
Numa reportagem de 2008 intitulada “Menino do Rio”, a revista Época fez um roteiro dos bares e restaurantes cariocas que o governador Aécio frequentava. Trazia fotos de baladas em que o político fora visto e de mulheres com quem havia se relacionado. No texto, o publicitário Nizan Guanaes palpitava sobre as chances de Aécio vencer uma disputa presidencial: “Ele tem o charme do JK e o jogo de cintura do Tancredo. Só faltam uns fios de cabelo branco e uma primeira-dama para ele assentar.” Aécio respondia que a madeixa branca apareceria com o tempo. “Mas casar?! Prefiro apoiar o Serra.”
Aécio foi casado durante sete anos com a advogada Andréa Falcão, com quem teve a filha Gabriela, em 1991. Separaram-se em 1998. Tentaram uma reaproximação dez anos depois do divórcio, mas não vingou. A ex-miss Natália Guimarães foi apontada como o pomo da discórdia. Hoje casada e mãe de gêmeas, Natália prefere não falar. Com vários fios grisalhos, Aécio casou-se com a modelo Letícia Weber, de 34 anos, em outubro do ano passado, numa cerimônia quase secreta, após de cinco anos de namoro. A imprensa só ficou sabendo dias depois. A modelo está grávida de gêmeos.
Em novembro de 2009, o jornalista Juca Kfouri publicou em seu blog uma nota que tirou Aécio do prumo. Escreveu que testemunhas viram o senador tucano dar um safanão em Letícia numa festa do estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, na piscina do Hotel Fasano, no Rio. Aécio negou e disse que processaria o jornalista por calúnia. Nunca o fez. Kfouri manteve a informação, apesar das contestações do ex-governador. Nunca vieram à tona fotos, vídeos ou testemunhas que confirmassem o caso. Seis dias antes, uma nota similar havia sido postada no site Glamurama, da colunista Joyce Pascowitch. A jornalista não citava nomes. Só falava de “tapa na cara” da moça, “que revidou”.
Juca Kfouri respondeu de forma lacônica a perguntas que lhe enviei por e-mail. Disse que não tem mais contato com as testemunhas que lhe relataram o fato do Fasano, mas mantinha o que escrevera. E confirmou que Aécio nunca o interpelou judicialmente. Ficou por aí. “Meus advogados me orientaram a não tocar neste tema”, concluiu o jornalista.
Internada desde o final de maio na clínica Perinatal, no Rio, sob observação e cuidados depois que teve contrações inesperadas com quase seis meses de gestação, Letícia me enviou uma mensagem por torpedo. “Toda essa mentira foi um grande absurdo”, disse, referindo-se à noite do Fasano. “Me impressiona a maldade de pessoas que se especializam em tentar destruir a reputação de adversários, disseminando esse tipo de coisa na internet. A vida do Aécio, pública e privada, é honrada e imune a esse tipo de mentira.”
Aécio admitiu que sua relação com Letícia teve “idas e vindas”, como a de muitos casais, mas hoje é “muito madura”. “Estou achando lindo ser pai novamente. Estou feliz em casa.” Disse que os gêmeos o deixam “renovado, vigoroso e jovem”. E definiu assim seu momento pessoal: “Eu dei muita sorte na vida. Tenho uma filha extraordinária, tenho uma relação fantástica com minha ex-mulher. Ela é minha parceira querida, amiga, uma mãe maravilhosa, convive comigo, eu convivo com ela. Minha mãe é uma coisa única no mundo, presente o tempo inteiro. Tenho uma irmã maravilhosa, sempre com uma solidariedade e uma generosidade que ultrapassam qualquer limite. A Andrea, que você conheceu...”

Encontrei Andrea Neves no início de abril, no restaurante do Minas Tênis Clube, tradicional reduto frequentado pela elite belo-horizontina. A poucos metros do Palácio da Liberdade, o local, fundado em 1935, está fora da rota de badalações e perdeu o glamour do passado. De cabelos lisos e longos, blusa branca, echarpe discreta, calça preta e óculos de grau, Andrea Neves é uma pessoa silenciosa até no visual. Tanto que seu único enfeite eram os delicados brincos de pérolas. Ela se dirigiu para a varanda e ocupou a mesa de sempre, num canto. Explicou-me que ali sente a energia fluir melhor. Seu pai costumava fazer reuniões políticas no restaurante.
Avessa a entrevistas e exposições, Andrea se assume como uma mulher dos bastidores, da articulação política. Fala baixo e com delicadeza, mas quase sem pausa, puxando o com afinco – “No Rio dizem que não tenho sotaque, aqui dizem que sou carioca, então resolvi dizer que sou de Juiz de Fora.” Um ano mais velha que o irmão, hoje com 55 anos, foi militante quando jovem e ajudou a fundar o PT no Rio, numa época em que Aécio se ocupava mais de sua prancha. Quando Tancredo chamou o neto em 1982, Andrea não perdeu tempo. “Vim junto, de enxerida.” Desde então ela é o esteio político do irmão. Adversários e mesmo aliados do tucano a chamam de “Goebbels das Alterosas” e “Golbery do Aécio”, alusões ao poder do ministro da Propaganda de Hitler e à iminência parda do governo Geisel.
No primeiro governo do tucano em Minas, no início de 2003, Andrea foi nomeada coordenadora de um grupo de comunicação que reformularia toda a estratégia de marketing no estado. Deu coesão a campanhas e peças publicitárias e pôs em prática a política de distribuir a propaganda oficial entre todos os veículos, ainda que o preço de cada um deles pudesse variar.
“Não há o que atacar na vida privada do Aécio”, afirmou Andrea, entre uma garfada e outra de polvo a vinagrete, que naquele dia “não estava muito bom”, comentaria depois. “As pessoas podem ou não gostar do estilo de vida dele, mas não há razões para ataque”, prosseguiu. “A grande prova disso é que, para atacar, as pessoas precisam inventar, caluniar. Aécio tem uma vida pública de trinta anos. Se houvesse alguma coisa na biografia dele que pudesse sustentar algum tipo de ataque, você não acha que, há muito, já teria sido usada?”, indagou. “Por que a política não pode ser feita com alegria, leveza e integridade?”, perguntou em seguida.
“Leveza” e “alegria” são palavras-chave no repertório do aecismo. Dias antes de falar com Andrea, Anastasia havia me dito que a campanha será “à la JK, leve, sorridente, para cima, animada”. O “lado festeiro” de Aécio, enfatizou o ex-governador, agora candidato ao Senado, “é uma vantagem, um ponto positivo. Dá a ele um aspecto humano. É uma pessoa que se diverte, é feliz”.
No restaurante Andrea disse coisa parecida, traçando uma espécie de genealogia do estilo político do irmão: “Aqui em Minas, o universo político, ainda hoje referenciado nas raízes do PSD e da UDN, registra a grande diferença no modo como os dois partidos fazem política. No PSD, a política era feita com alegria, bom humor, sem ser considerada um fardo. Nessa escola estariam Tancredo e Juscelino. Já a UDN tinha uma postura mais severa, mais pesada, o discurso dos grandes sacrifícios pessoais feitos em nome do povo.”
Semanas mais tarde, o publicitário mineiro Paulo Vasconcelos, que vai coordenar a comunicação da campanha, voltaria ao tema. “O Aécio traz na leveza de ser uma matéria-prima que pode ser explorada tanto para o bem quanto para o mal”, disse.
Em dois momentos Andrea pareceu se emocionar. Suspirou fundo e ficou segundos em silêncio, mirando o horizonte, ao falar da morte de Tancredo. “Eu acho que a decisão do Aécio de entrar na política foi tomada ali. De alguma forma ele selou ali um compromisso. Como nunca fizemos terapia, não sei se é isso”, disse, soltando a seguir uma risada contida. O segundo momento em que o choro se insinuou veio quando ela mencionou o câncer do primeiro marido e o “apoio incondicional” que recebeu de Aécio na ocasião.
Confrontado com a suspeita da irmã de que sua decisão de abraçar a vida pública estava relacionada à morte do avô, o senador tucano disse que foi exatamente o contrário: “A morte dele quase me tirou da política. A vida dele e o convívio que eu tive com ele é que foram preponderantes para me colocar na política. Eu pensava: O que eu vou fazer em Brasília, num governo Sarney? Não tenho nada a ver com esse pessoal. Aí eu fiquei naquela dúvida, se ficava ou não.” O primo Francisco Dornelles, hoje senador pelo PP, o convenceu a ficar em Brasília. Aécio ocupou uma diretoria da Caixa Econômica Federal durante um ano.
No final do nosso encontro, perguntei a Andrea por que ela nunca tinha se candidatado a nada. “Acho que existem várias formas de fazer política. Eu faço política. Nunca quis disputar uma eleição, acho que por pura timidez.” Seria ministra? “Tenha dó!”, gargalhou. Uma coisa é certa: Andrea se muda para Brasília se Aécio vencer. E, dentro ou fora da Esplanada, vai comandar a comunicação do governo.

Desarticulada, a oposição mineira passou anos assistindo ao reinado de Aécio. O PT engoliu o Lulécio (o voto casado em Lula e Aécio), o Dilmasia (os eleitores que escolheram Dilma e Anastasia) e o Pimentécio (a inusitada união do ex-prefeito petista Fernando Pimentel e Aécio para levar Marcio Lacerda à prefeitura da capital). “Aécio sempre incentivou esses bichos esquisitos em Minas”, contou o deputado estadual Rogério Correia (PT), um dos principais opositores do tucano. Agora rompido com Aécio e candidato ao governo do estado, Pimentel tem dificuldades para atacar o ex-aliado.
Foi somente em 2011 que uma oposição mais estruturada começou a surgir, com o nome de “Minas Sem Censura”. Atualmente o bloco parlamentar reúne 21 deputados – do PT, do PMDB e do PRB. Pouco numerosos, mas muito barulhentos, atuam sobretudo via internet. Mantêm um site em que denunciam indicações políticas em estatais, reproduzem insatisfações do funcionalismo, dão voz a suspeitas de irregularidades em obras e parcerias público-privadas, além de baterem na tecla da “mordaça” que o governo mineiro impõe ao Judiciário, ao Ministério Público e, sobretudo, à imprensa.
Em 2006, a blindagem do governo foi tema de documentário de um estudante de jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG. O trabalho de conclusão de curso de Marcelo Baêta teve audiência inesperada na rede e repercutiu fora do país. Trazia depoimentos de jornalistas de peso, como o ex-diretor da Globo local Marco Nascimento, entre outros comentaristas e editores. Todos diziam sempre a mesma coisa: havia coerção do governo sobre a mídia. E mais: teriam sido demitidos depois de relatar episódios contrários aos interesses do governo.
Nascimento conta que havia sido contratado pela Globo com a missão de proteger o jornalismo de eventuais assédios políticos em Minas. O Jornal Nacional reproduziu uma reportagem sobre a disseminação do crack e a incapacidade da polícia de coibir o consumo da droga no estado. Andrea convidou-o para um almoço, durante o qual, na versão dele, disse que o momento era difícil para o governo. Depois desse contato, as reclamações continuaram e chegaram à direção da emissora no Rio. Ele perdeu o emprego. Em nota divulgada à época e reproduzida no documentário, a Globo alegou ser “comum que um profissional demitido procure desculpas além de seu desempenho profissional ou do seu comportamento pessoal para justificar sua saída”. [...] “A isenção do nosso jornalismo não pode ser medida por teorias conspiratórias baseadas no ressentimento, mas pelo que levamos ao ar e é julgado permanentemente pelo nosso público.” Agora chefe de redação do SBT, o jornalista não retornou os contatos telefônicos feitos por piauí.
Produtor independente, com passagem pela Bloomberg, BBC e CNN, o jornalista Daniel Florêncio vive em Londres há mais de uma década. Contratado pela Current TV – experimento digital bancado por Al Gore para produzir documentários –, Florêncio fez em 2008 o vídeo Gagged in Brazil (Mordaça no Brasil), sobre a “censura em Minas”. Na esteira do filme de Baêta, esse também teve impacto. Além de reproduzir as histórias relatadas por Baêta, Florêncio coletou alguns depoimentos de jornalistas que pediram o anonimato.
O PSDB mineiro enviou uma carta a executivos da Current TV em São Francisco, nos Estados Unidos, pedindo que o vídeo fosse retirado do ar. “Queriam saber quem eram minhas fontes, de onde vinham minhas informações”, ele me contou por Skype. O jornalista deu as explicações a seus superiores e o documentário voltou a ser exibido depois de um mês. Na época em que fez o vídeo, Florêncio ofereceu à assessoria de imprensa de Aécio espaço de resposta, mas, segundo contou, “oapproach deles foi agressivo”. Meses depois, colegas mineiros vieram lhe perguntar quanto ele havia embolsado do PT para produzir a peça. “A elite belo-horizontina cabe no salão de festas do Minas Tênis Clube. Querem chegar ao poder com ele”, disse, preferindo não citar nomes, sobre o comportamento da imprensa local.

Ojornalista esportivo Ulisses Magnus, que é mencionado no documentário de Baêta, hoje trabalha na Record do Rio. No vídeo, ele relatou sua demissão da Rede Minas, a tevê pública do estado. Então presidente do Cruzeiro, o atual senador Zezé Perrella (pdt) não gostou de uma reportagem em que o técnico Vanderlei Luxemburgo esculhambava um jogador e disse a Magnus que assim que Aécio assumisse ele seria demitido. Três meses depois da posse, coincidência ou não, o editor perdeu o cargo. “Me demitiram pelo episódio. Mas não posso jogar pedras nem acusar. O que eu sei é que esse governo investe bastante em publicidade e existe patrulhamento sobre o que se diz ou não”, sustentou Magnus, numa rápida conversa por telefone. Despediu-se de forma curiosa: “Cuidado aí, só isso.”
Andrea Neves considera estapafúrdias as acusações. Quando conversamos, ela me adiantou que não falaria sobre esse tema – já havia acumulado um desgaste pessoal excessivo, tantas eram as informações infundadas. Para a família, a intriga da censura é o único discurso que a oposição encontrou para macular a imagem de Aécio. Na avaliação da equipe do candidato, nenhum dos dois vídeos foi feito com rigor jornalístico, nenhum merece credibilidade.
O tema, no entanto, tira Aécio de seu habitual bom humor. Ao comentar o assunto, foi um dos raros momentos em que ele elevou o tom de voz. “Desde que eu nasci ouço essa história de que a imprensa mineira é complacente. Isso é dito principalmente por quem não lê a imprensa mineira”, disse. “Os mineiros também são críticos e censura é uma lenda urbana”, prosseguiu, passando a analisar o comportamento dos três principais jornais do estado: “OTempo me critica mais que a imprensa nacional; o Hoje em Dia nem conta porque é menorzinho; e o Estado de Minas sempre teve posição pró-governo pelo seu tipo de jornalismo, que não é um jornalismo de questionamento.”
Fundador do Tempo e do Super Notícia (diário popular vendido a 25 centavos), o ex-tucano Vittorio Medioli me disse que seu jornal atua com independência e critica todas as esferas de governo. “Aécio Neves se mostrou várias vezes incomodado, mas não mudamos nossa atitude.” Acrescentou que o senador cultiva uma relação pessoal e intensa com a imprensa – “uma importância talvez excessiva” – que lhe permitiu ter “trânsito privilegiado” em alguns veículos. Disse ainda que a assessoria de Aécio é rápida nas respostas, sobretudo em momentos de crise. “Ele é muito solícito e preocupado em não deixar que prosperem dúvidas a respeito da imagem dele. É muito persistente em exigir que a versão dele apareça.” Aécio “conhece o processo midiático como poucos políticos”, enfatizou Medioli.
É “primário, ridículo, absurdo” pensar que ele ou Andrea ordenem demissões, me disse Aécio. Alegou ser um dos personagens políticos “mais atacados pessoalmente e de forma leviana” pela mídia que é “sustentada com recursos do governo federal”. E completou: “Nunca liguei para diretor de jornal para criticar jornalista, quanto mais para pedir demissão. Eu posso até ligar para o jornalista e dizer: ‘Olha, está errada essa tua informação.’ Isso eu faço. Mas ligar porque o cara publicou algo contra mim? Zero”, finalizou, já com o tom de voz normalizado.

Minas Gerais será a vitrine de Aécio na campanha. Ele não se cansa de frisar que colocou as finanças do estado em ordem, de mencionar o chamado “choque de gestão” ou o “déficit zero”. Em seu primeiro mandato, governou com dezessete secretarias, cinco a menos que o antecessor Itamar Franco, extinguiu quase 3 mil cargos comissionados, reduziu os salários dos secretários e o dele próprio, e passou a remunerar servidores conforme a qualificação e o cumprimento de metas. O tucano costuma apresentar Minas como um oásis do crescimento, mas o fato é que o PIB mineiro, segundo o IBGE, seguiu pari passu o PIB nacional de 2003 a 2010, com pequenas oscilações. O governo do estado divulga o “crescimento chinês” de 8,9% em 2010, mas não faz questão de lembrar que no ano anterior, 2009, o PIB do estado havia diminuído 4%.
À frente da secretaria de Planejamento de Aécio no primeiro mandato, Anastasia dizia na época que a dramaticidade da palavra “choque” não era retórica, mas sim o termo apropriado diante da necessidade de mudanças abruptas num estado marcado pela desordem fiscal. Minas tinha déficit de 2,4 bilhões de reais, salário do funcionalismo escalonado, décimo terceiro atrasado. Como o governo Itamar havia decretado a moratória do pagamento da dívida com a União e não honrara contratos internacionais, era difícil atrair investimentos para o estado.
Aécio adotou medidas pouco populares para atingir o equilíbrio orçamentário. No primeiro ano de seu governo, cortou investimentos, reduziu despesas de custeio, congelou salários do funcionalismo e reviu abonos. Na outra ponta, o estado investiu em parcerias com o setor privado, sobretudo na Saúde e no setor prisional. No ano passado, Minas inaugurou seu primeiro complexo penitenciário administrado pela iniciativa privada, modelo controvertido nos países em que é aplicado. (Nos Estados Unidos, por exemplo, ele é considerado um estímulo à superpopulação carcerária, já que, para que o negócio seja rentável, o poder público precisa garantir um número mínimo de detentos.)
Antes de deixar o governo, Anastasia divulgou um decreto voltando a cortar para dezessete o número de secretarias, que já havia superado as 22 do tempo de Itamar – eram dezenove secretarias fixas e quatro extraordinárias, que, segundo a versão oficial, não aumentavam o custeio. O recuo foi decidido às pressas para não desmoralizar o discurso do presidenciável. O sucessor de Aécio cortou também às pressas os cargos comissionados, que aumentaram 92% (de 2 230 para 4 286) entre dezembro de 2003 e janeiro deste ano. O governo argumenta que esse acréscimo foi justificado pela ampliação dos serviços públicos.
Se, por um lado, são reconhecidas mudanças positivas na gestão em Minas, também não faltam críticas aos abusos de marketing. Autores do livro A Dívida Pública do Estado de Minas Gerais, os economistas Fabrício Augusto de Oliveira e Claudio Gontijo argumentam que Minas saiu do fosso fiscal em parte porque o país começou a crescer mais a partir de 2004, o que trouxe receitas inesperadas para o estado. O livro foi escrito para subsidiar uma frente parlamentar para a renegociação da dívida estadual presidida por um deputado do PT, com base numa consultoria técnica sobre o orçamento mineiro que Oliveira prestou ao Tribunal de Contas do Estado até 2010.
“Déficit zero é marketing e um conceito destituído de significado porque o governo de Minas inflava as receitas de um lado e subestimava as despesas de outro”, disse Oliveira, ex-professor da Unicamp e da UFMG. No lado da receita, afirmou, o governo de Aécio lançava dívidas contratadas, ou seja, dinheiro que teria que pagar em longo prazo. “Dívida não é receita, você apenas tem um equilíbrio momentâneo.” Do lado das despesas, o governo omitia o que não conseguia quitar do contrato da dívida do estado com a União (juros, encargos, amortização). “Minas decretou moratória em 1999. O cara vai chegar como mágico e equilibrar as finanças?”, perguntou Oliveira, que foi secretário da Fazenda adjunto de Itamar.
Aécio costuma dizer que a situação do estado era tão caótica que não havia possibilidade de eleger prioridades, mas sim “a” prioridade. “E foi a educação”, afirmou. Ele vai explorar na campanha o fato de a educação básica em Minas ter obtido a melhor nota do país no Ideb, o indicador criado em 2007 pelo Ministério da Educação para avaliar o desempenho dos alunos em português e matemática. No último ranking, relativo a 2011, Minas ficou com 5,9, contra 5 da média nacional.

Oescritório da Gávea Investimentos fica num prédio moderno de uma das ruas mais movimentadas do Leblon, na Zona Sul do Rio. As portas se abrem com sistema biométrico (impressões digitais), como nos laboratórios do seriado americano CSI.
É ali que trabalha Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central de FHC. Crítico agudo e por vezes exaltado da política econômica do governo Dilma Rousseff, ele se tornou o principal fiador de Aécio Neves na área econômica, uma espécie de âncora do discurso da austeridade fiscal.
“Espere três minutos, por favor”, ele disse, entreabrindo a porta da sala de reunião onde eu o aguardava. Voltou exatamente 180 segundos depois – cronometrados.
O economista trabalha em média treze horas por dia e abriu mão de parte de suas tarefas para se dedicar ao projeto presidencial tucano. Ainda se ocupa do plano de construção do campo de golfe olímpico e dos esforços para inaugurar uma unidade do Hospital Sírio-Libanês no Rio. “Também sou consumidor da produção acadêmica”, completou. Atualmente conclui a leitura de O Capital no Século XXI, o best-seller do economista francês Thomas Piketty.
À campanha eleitoral, Armínio Fraga destina pelo menos três horas por dia. Com 56 anos, Armínio, como é chamado, ainda não pretende deixar a Gávea, empresa que criou em 2003 e atualmente administra investimentos de 15,2 bilhões de reais. “Eu não vou redigir programa e tampouco me envolvo em questões de captação de recursos para a campanha”, disse, justificando ser razoável o tempo dedicado a Aécio. “Ele ganhando, e penso que ele tem tudo para ganhar, certamente aí eu vou ter que me desligar”, antecipa o ex-presidente do Banco Central. Armínio Fraga deve ser o ministro da Fazenda se Aécio Neves chegar ao Planalto. Por ora, ele se limita a dizer que “com certeza consideraria ir para Brasília”.
Calvo, cavanhaque e rosto redondo, Armínio tem uma expressão viva quando conversa. Consegue ser ao mesmo tempo elétrico e sereno. Ele e Aécio se comunicam diariamente por e-mail e com frequência por telefone. Encontram-se pelo menos duas vezes por mês. Para Armínio, é uma convivência parecida com a que mantinha com FHC. “Mesmo nos piores momentos preserva-se um bom humor e há espaço para uma convivência minimamente agradável. E sempre profissional”, disse.
A parceria com o investidor George Soros, para quem trabalhou no Soros Fund Management, rendeu a Armínio duras críticas do PT quando ele se integrou à equipe econômica, no furacão de 1999. Foi identificado como a “raposa que tomava conta do galinheiro”. Ele sente indisfarçável orgulho do ajuste fiscal implementado na época. Lembrou que o Brasil foi obrigado a abandonar a paridade cambial e o momento era de absoluta incerteza. “A previsão de crescimento do PIB era de menos 4%, e a previsão de inflação estava dispersa entre 20% e 50%. Se a inflação passasse de 10%, iria reindexar tudo. Introduzimos um sistema de metas, foi necessário apertar a política monetária, as expectativas se acalmaram. O investimento, que vinha devagar, represado, voltou. O consumo voltou e a economia andou”, resumiu.
Um dia antes de conversar com investidores financeiros em São Paulo, no final de abril, Aécio jantou com Armínio Fraga para calibrar o discurso. Se para o mercado financeiro sua presença na campanha tucana é um conforto, para o PT virou munição. O partido associa os colaboradores de FHC e o “ajuste fiscal” a recessão, desemprego, redução de salários e corte de programas sociais. Aécio ajudou os petistas quando declarou a empresários mineiros, durante um almoço, que fará tudo o que for preciso para colocar o país no rumo, até mesmo adotar “medidas impopulares”.
Precisa “ir com jeito”, disse FHC. “Não dá para repetir o que eu fiz. Tem que fazer outras coisas. Os desafios são de outra natureza. Além de restabelecer a credibilidade do governo e das contas públicas, o central é educação, infraestrutura e segurança”, resumiu. E acrescentou: “Tem que modular esse discurso. Não são [medidas] impopulares. Tem que dizer outra coisa: ‘Eu vou resgatar o poder de compra do salário do povo.’ Tem que ser objetivo.”
O pior, na verdade, já aconteceu, me disse Armínio Fraga, na tentativa de reverter o impacto negativo da frase de Aécio. “Conduzir os assuntos fiscais do país de maneira bagunçada só traz confusão e sofrimento. Não serve para nada.
O país vive um momento de inflação alta e baixíssimo investimento”, disse. No fim, rejeitou a pecha de “neoliberal”. “Eu sou liberal com coração à esquerda”, falou.
Voltei a tocar no tema “medidas impopulares” com Aécio no dia em que ele jantou com Armínio Fraga em São Paulo. Ele foi categórico em dizer que, se eleito, manteria a política de reajuste do salário mínimo conforme o crescimento do PIB. Na época, o PT já estava explorando uma entrevista que Armínio deu ao Estado de S. Paulo em meados de abril. Nela, reconhecendo a delicadeza do tema e sem avançar em propostas, o economista disse que “o salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos” e que até líderes sindicais reconheciam que o salário em geral “precisa guardar alguma proporção com a produtividade, sob pena de, em algum momento, engessar o mercado de trabalho”.
Em relação a programas sociais, Aécio foi inicialmente vago: “Vamos avaliar melhor vários programas que estão aí? Vamos. Vamos ver qual é o efeito e a consequência de cada um deles.” E antes que eu formulasse nova pergunta,  antecipou-se: “Eu não vou cair nesta armadilha do ‘nós vamos cortar programas sociais’. Porque nós não vamos. Nós vamos é qualificá-los. Nós vamos evitar o desperdício.” O senador apresentou em 2013 um projeto de lei que transforma o Bolsa Família em programa de Estado. Foi uma das suas principais iniciativas no Senado até o momento.
O PT se recusa a votar a proposta para não dar palco ao tucano.

Aécio Neves apresentou no Congresso o esboço de sua plataforma de governo no dia 17 de dezembro do ano passado, uma terça-feira. Composto de doze itens, o documento se organizava em torno de três eixos: confiança, cidadania e prosperidade. Seis dias antes, o tucano havia reunido trinta jornalistas para um jantar em Brasília, no Piantella, tradicional reduto de políticos. No restaurante, fez questão de marcar posição em favor da ética. “Se tiver alguém do PSDB que recebe propina e se isso ficar provado, tem que ir para a cadeia também”, disse aos repórteres. Era uma referência ao Caso Alstom, o escândalo de corrupção no metrô de São Paulo. Aécio estava na ofensiva. Havia escolhido justamente aquela semana para colocar sua candidatura na mídia.
Entre o jantar de quarta-feira com os jornalistas e o discurso na Câmara na terça subsequente, havia uma pedra no meio do caminho. Atendia pelo nome de José Serra. Coincidência ou não, o eterno presidenciável tucano publicou no domingo, dia 15, um artigo na página três da Folha de S.Paulo. O título: “Drogas pesadas no Brasil, inépcia e ideologia.” A primeira frase dizia: “O debate sobre o consumo de cocaína no Brasil pode e deve ser uma pauta em 2014.”
É difícil encontrar no PSDB quem queira falar do assunto. Também é difícil encontrar no partido quem não tenha interpretado o texto como um golpe – e baixo, segundo muitos – contra Aécio. Após contatos por e-mail e telefonemas, Serra alegou, por intermédio de um assessor, falta de tempo e agenda lotada, preferindo não se pronunciar sobre a candidatura do correligionário.
As insinuações de que Aécio já usou cocaína o acompanham há tempos. A internet costuma ser a arena em que isso mais aparece. Com a disputa eleitoral, o assunto recrudesceu na rede. No dia 25 de maio a Folha de S.Paulo revelou que foram enviadas de um computador da Prefeitura de Guarulhos, controlada pelo PT, postagens para o perfil “Aécio Boladasso”, um dos vários no Facebook que se passam por Aécio e fazem a apologia do uso de entorpecentes ou tratam do assunto com deboche. O PSDB levou o caso ao Tribunal Superior Eleitoral. No final de maio, o tucano estava de passagem por Porto Alegre, para apoiar o lançamento da candidatura da senadora Ana Amélia, do PP, ao governo do estado. A repórter Letícia Duarte, do jornal Zero Hora, foi direto ao ponto: “Seus adversários têm difundido uma série de informações acusando o senhor de ser usuário de cocaína. Queria saber como o senhor responde a isso e qual a política de drogas do seu governo.”
Aécio pareceu surpreso. A resposta veio longa: “Você sabe que existe hoje um submundo da política, nas redes. Anonimamente, fazem qualquer tipo de acusação sobre os adversários, esperando que alguém, talvez desavisadamente, com um pouco mais de credibilidade, possa trazer esse tema ao jornalismo sério. O que nós assistimos hoje é uma guerrilha da internet.” A seguir passou a falar de si: “Eu tenho uma história de vida, talvez você não conheça, da qual me orgulho muito, absolutamente digna e honrada, e talvez tenha sido isso que tenha me trazido até aqui.”
Defendeu o aumento das penas para traficantes de drogas e na sequência recorreu a uma imagem futebolística para se defender: “Quanto a acusações como essas, e outras que vão surgir, eu fico me lembrando de juiz de futebol. Todo mundo conhece futebol, né? No futebol o juiz tem duas mães: uma que vai para o campo, quando ele erra o impedimento, ou quando marca um pênalti que não foi. E tem aquela que fica em casa, preparando a macarronada, vendo o final do jogo, passando o uniforme dele para o jogo seguinte. Essa é a mãe real... Aquele... Esse Aécio acusado... Eu me especializei... Como é teu nome?”
“Letícia”, disse a jornalista.
“Letícia... um nome que me inspira muito”, comentou Aécio, numa alusão a sua mulher. “Eu, ao longo dos últimos quinze anos, me especializei numa coisa, talvez você não saiba... Em derrotar o PT.”
Aos 33 anos, Letícia Duarte venceu o Prêmio Esso de Reportagem em 2012. Naquele dia, antes de fazer a pergunta ao candidato, debateu com colegas da redação se seria relevante ou não tocar no tema. “Achamos que era. Não por uma questão moral. Tem todo um burburinho circulando de que ele seria usuário de cocaína e isso passou a ser relevante a partir do momento em que ele assumiu uma postura pública [sobre drogas]”, me disse. Depois do episódio, a jornalista recebeu uma avalanche de comentários agressivos em seu Twitter, a maioria de blogs anônimos. “Eles se referiam a mim como ‘fulaninha’ e diziam coisas do tipo: ‘Você acha que porque é jornalista pode perguntar qualquer coisa: então vou perguntar se você dá a bunda, se você dá o cu.’” E encerrou: “Parecia ação orquestrada para me desmoralizar.”
“Hein? Essa é a pergunta que você está doida para fazer, né?”, reagiu Aécio quando lhe perguntei no início de maio se já havia consumido drogas. “Quando eu tinha 18 anos, sim, experimentei. E ponto final.” Voltei ao assunto dias depois. Por e-mail, pedi que fosse mais explícito sobre o tipo de drogas que experimentou na juventude. Aécio não quis falar por telefone e mandou a resposta também por e-mail: “Eu tenho uma posição clara contra o uso de qualquer tipo de droga. Quando o presidente Obama, e outros políticos no mundo, reconheceram com sinceridade que haviam experimentado maconha na juventude, deram uma contribuição relevante para que debates importantes para a sociedade pudessem acontecer. Quando jovem, experimentei maconha e não recomendo que ninguém faça o mesmo. Como parlamentar, eu tenho posição claramente contrária à proposta de descriminalização do uso da maconha.”
Ao longo da reportagem, assessores, políticos e pessoas próximas de Aécio queriam saber com insistência se a revista também perguntaria ao candidato Eduardo Campos, do PSB, se ele já usou cocaína.
O assunto permeia a campanha de tal forma que empresários, em rodas reservadas, se questionam sobre o impacto da vida privada de Aécio na eleição. Um tucano que defende a candidatura do mineiro, mas que com ele nunca teve intimidade, o interpelou sem rodeios no início do ano e quis saber sobre o suposto consumo de drogas. A sondagem serviria para avaliar se ele se somaria aos colaboradores da campanha. Aécio não reagiu com indignação e também foi direto: “Fui jovem, gosto de mulher, mas nunca fiz nada incompatível com minhas funções públicas”, disse Aécio, segundo descreveu a fonte, que pediu que sua identidade fosse preservada.
Na lista de constrangimentos de Aécio consta o episódio de 2011, quando foi pego numa blitz da Lei Seca no Leblon, nas imediações de seu apartamento. Estava com a carteira vencida e não soprou o bafômetro. Em nota, o governo do Rio disse que Aécio preferiu não fazer o teste. A assessoria do senador afirmou que ele providenciou imediatamente um motorista para conduzir o carro e julgou “não ser necessário se submeter ao bafômetro”. Aécio pagou a multa por infração gravíssima – por se recusar a fazer o teste –, de 957,70 reais, e de 191,54 reais pela habilitação vencida. Disse que teria soprado o aparelhinho se sua habilitação não estivesse vencida.
O publicitário Paulo Vasconcelos lembrou que o tema drogas já havia surgido na disputa pelo governo de Minas em 2002. “O Newton Cardoso botou um comercial no ar insinuando que um dos candidatos cheirava cocaína. E o comercial, com toda sutileza, sinalizava que era o Aécio. O Aécio ganhou no primeiro turno”, disse Vasconcelos, que conduziu todas as campanhas vitoriosas do tucano.
Anos depois, em 2008, no jogo Brasil e Argentina, no Mineirão, Aécio foi surpreendido por um canto inusitado da torcida: “Ô Maradona/Vai se foder/ O Aécio cheira mais do que você.” Jornalistas esportivos que presenciaram a cena relembram que Aécio atribuiu o fato à torcida atleticana, rival do seu Cruzeiro. Mais uma vez, ignorou o episódio.
“É claro que tem uma turma que acha ótimo dizer que ele mexe com drogas, trafica, que leva diamante para fora do país, que ele bate em mulher”, disse Vasconcelos. “Mas todos em Minas sabem quem é Aécio Neves”, logo acrescentou. “Porém, quando você vai para um mundo onde ele é desconhecido, isso se torna um problema. Claro que é um problema. Claro que é desconfortável. A pergunta é: como é que você responde a isso?”
Aos 54 anos, Vasconcelos vai dirigir uma campanha presidencial pela primeira vez, apesar da vasta experiência com marketing político. Além dele – e de Andrea Neves – estão na equipe outros publicitários de peso: PC Bernardes (ex-África, de Nizan Guanaes), Guillermo Raffo (argentino que trabalhou com João Santana e Duda Mendonça) e Pablo Nobel (o argentino que integrava a equipe da campanha de Lula em 2002).
Afável, brincalhão e falante, Vasconcelos me recebeu numa produtora em São Paulo, no final de uma manhã de abril. Atrasou-se porque estava conversando com o ex-governador Alberto Goldman, que Aécio designou como coordenador de sua campanha em São Paulo.

Afinado com José Serra, Alberto Goldman é o vice-presidente nacional do PSDB. Vai trabalhar por Aécio ao lado do vereador Andrea Matarazzo, também um ferrenho serrista, escolhido para articular a candidatura presidencial tucana na capital. A indicação de ambos foi uma sugestão de FHC, de Alckmin e do senador Aloysio Nunes Ferreira, nome mais cotado para ocupar a vaga de vice na chapa. Detectou-se que era preciso conter na origem a sabotagem interna. “Se a maioria do PSDB bentendeu que ele deve ser o candidato, é porque ele é o melhor candidato. A minha opinião sobre isso não tem a mínima importância”, disse Goldman.
O ex-governador de São Paulo conviveu com Aécio no Parlamento. Não o apoiou na disputa pela presidência da Câmara em 2001, nunca se frequentaram. Hoje Goldman reconhece que Aécio adquiriu maturidade política, sobretudo após a vivência como governador: “Ele está se preparando bem, com ideias novas. Tem visão bastante realista das dificuldades.” Perguntei se a vida privada do mineiro poderia lhe trazer danos eleitorais. “Não tem nenhuma importância se ele vai para festa, não vai para festa, se é alegre, se é triste, se é ranzinza. Ninguém vai casar com ele, né? Ninguém vai deitar na cama com ele, né? Em princípio, pelo menos... A maioria pelo menos não”, respondeu, finalizando com uma longa gargalhada.
Ao ser questionado sobre as motivações da escolha de dois serristas para coordenar sua campanha no estado, Aécio gracejou: “Não tem que ser unidade? Então, foi isso.” Aliados do senador explicaram o que de fato vai ocorrer. O mineiro, que além do talento para a conciliação tem a desconfiança em seu DNA, planeja uma espécie de “campanha paralela” em São Paulo. Sabe que não pode ficar de braços cruzados esperando a boa vontade de Alckmin e de Serra. O foco do primeiro é a sua reeleição em São Paulo; para isso, está disposto até a abrir o palanque a Eduardo Campos se o PSB o apoiar no estado. “O Geraldo Alckmin é uma pessoa que joga na retranca. Mas ele joga. E é leal ao partido”, definiu FHC, apostando que, desta vez, “vamos conseguir unificar São Paulo”.
O congresso de municípios paulistas em Campos de Jordão no dia 22 de março foi uma das poucas agendas que Aécio e Alckmin compartilharam no primeiro semestre. Caminharam lado a lado pelas ruas da cidade, até que Aécio foi abordado pela equipe do programa CQC e Alckmin seguiu incólume, de mãos dadas com Lu Alckmin. Perderam-se um do outro. Aécio entrou no local do evento inquieto, cercado por repórteres. “Cadê o Geraldo, cadê o Geraldo?” Só o encontrou minutos depois, quando Alckmin já estava no palco. O escândalo da refinaria de Pasadena estava fresco e o momento era excelente para o mineiro ganhar popularidade ao defender a Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. “Nós vamos ganhar a eleição”, ele me disse, sussurrando, enquanto caminhava espremido no meio de um bando de fotógrafos.
Alckmin fez um discurso grandiloquente, citando Santo Agostinho e Alexandre, o Grande. A menção a Aécio se deu quando falava do rei da Macedônia. Antes de partir para a Ásia, disse, Alexandre distribuiu todos os bens e foi indagado sobre o que reservaria a si próprio; retrucou que seria a esperança. “Você é nossa esperança, Aécio.” O mineiro chamou o governador de “parceiro e amigo. Hoje e no futuro”. O evento se estendeu por horas. A partir de certo momento, Aécio passou a olhar com impaciência para o relógio. Saiu de lá às pressas, justificando que viajaria para a Bahia, onde participaria, à noite, do aniversário de 15 anos da filha do peemedebista Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula. “Vou lá dar um espírito mineiro aos baianos.” Semanas depois, Geddel anunciou que seria candidato ao Senado na chapa tucana.

Encontrei Aécio para esta reportagem pela primeira vez na véspera do lançamento da candidatura de Pimenta da Veiga ao governo mineiro. Ele me recebeu em seu apartamento funcional em Brasília, num café da manhã às 8h30. Apareceu na sala sorridente, vestindo terno e gravata. Disse que havia despertado às 6 horas, correra por 45 minutos e lera os jornais. Entre goles de suco de melancia com maracujá e mordidas no pão de queijo, falou de sua candidatura com muito otimismo, o mesmo que manifestou meses depois ao cochichar – “nós vamos ganhar essa eleição” – no evento de Campos do Jordão. Já naquela manhã de fevereiro, porém, Aécio fez a ressalva: “Se perder, tudo bem.” Disse não precisar da política “para viver e ser feliz”.
Na última conversa pessoal que tive com o senador, o mesmo paradoxo entre otimismo pela candidatura e desapego pela política voltou a se manifestar. Estávamos num jatinho, no trajeto entre Brasília e Ribeirão Preto. “Se eu vencer as eleições vai ser muito bom para o Brasil. Vou tentar fazer o melhor governo da história. Mas se eu não ganhar as eleições, e pode ser que isso aconteça, vai ser muito bom para mim do ponto de vista pessoal.”
Aécio referiu-se à política como algo “muito chato”, “uma convivência muito desgastante”, “um saco”. E emendou falando sem freios dos prazeres da vida: “Quando posso, pego uma prancha... Outro dia mesmo peguei umas ondinhas ali na Macumba [praia na Barra da Tijuca] com um amigo meu.” No arremate, porém, a gangorra do discurso pendeu novamente para a missão pública: “Agora, claro que eu estou determinado a construir esse projeto para o Brasil. E cada vez mais eu acho que, outros quatro anos desse pessoal do PT, nós todos vamos sofrer muito.”
No trajeto o tucano cochilou por quinze minutos, sem nenhum constrangimento, esticando as pernas. Acordou e pediu um energético a um assessor. Mostrou-me as botinas marrons novas que tinha comprado na véspera da visita ao Agrishow, a feira de agropecuária da cidade. “O pessoal de São Paulo é chique”, zombou. Eu já havia percebido seu cuidado maior com o visual. Passou a cortar os cabelos com mais frequência e a usar ternos impecáveis. “Faço alguns no Ricardo Almeida e outros lá em Belo Horizonte, no Geraldino, um senhorzinho daqueles tradicionais”, contou.
Depois de ter reclamado do sanduíche frio de filé, Aécio mascava um chiclete. Já estávamos em procedimento de descida em Ribeirão Preto, e ele, passando as mãos pelos cabelos, observava pela janela a paisagem do estado cujo eleitorado mais cobiça, sem nenhuma certeza do apoio real que terá do seu partido: “Vamos fazer nossa caminhada. Ganhamos? Que bom para o Brasil. Perdemos? Vamos para Harvard, né?”